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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Acesso proibido à boa gramática

Meu novo endereço de trabalho é um complexo de duas torres que ocupa um quarteirão inteiro, em que apenas sobrou espaço para algumas edificações tombadas.

Como solução viária, as duas ruas de menor circulação foram recalçadas, e agora ganharam mão dupla, devido a obras contra enchentes que serão realizadas.

Nesse sentido, veja a placa que colocaram.....


... pausa para assimilar a grandeza da coisa ....
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Pronto! Refeito?

Depois, pensando melhor, eu descobri que, na verdade, é apenas um erro de pontuação!

Faltaram dois pontos de exclamação!!

Veja como deveria ser na verdade!!!!  v




 Cê entende?

Um aviso de ATENÇÃO:   Acesso Restrito!

E um de EXPLICAÇÃO:    À Moradores!

Entende?   
À DO VERBO ÀVER

Ah ... agora sim!!!!

Homero Dormindo Com Um Barulho Desses Ventura




 

5 comentários:

  1. Amigo Homerix, como já explicado, isso vem da grande e vastíssima cultura de nossa população, em geral, já notória. No idioma francês, o "a" sem crase só existe numa situação em partiular, que é a 3a. pessoa do singular do vervo "Avoir" (ter / haver). Como em todas as outras situações, ele deve ser craseado, aí está a explicação para mais este belíssimo exemplar, mais uma exceção da já famosa "Síndrome do A sozinho"...Sds, A2.

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  2. Permita-me discordar, Estimado Amigo Homero. A sugestão de separar os dois grupos por pontos de exclamação encontra sua origem na Revolução Francesa de 1848 (e não a de 1789), quando se popularizou o grito “Aux Barricades!” e ergueram-se barricadas por toda Paris para defender o povo contra as forças de Louis Philippe, dito o “Rei-Cidadão”. O mesmo ocorreu ao final da ocupação da Cidade-Luz pelos nazistas, quando a resistência ergueu barricadas para defender-se dos ocupantes enquanto aguardavam a entrada dos blindados do Gen. Leclerc. Assim, no caso em pauta, poderíamos (no condicional, nada mais é do que uma sugestão) interpretar que o “Aviso de atenção” resumir-se-ia, auto-explicativamente (...), em “ACESSO RESTRITO!” -- Já o “À MORADORES!” poderia ser uma exortação aos que tentassem entrar e fossem impedidos pelo Aviso de Atenção, se desviassem a uma rua alternativa e próxima, denominada “Rua dos Moradores”. Assim, teríamos “ACESSO RESTRITO!” (não entrem!) – “À MORADORES!” ("Avancem, Cidadãos... avancem até a Rua dos Moradores e penetrem nas defesas!!!". E a razão das exclamações? Ora, apenas para conferir uma dose elevada de emoção a este assunto que já deve ter deixado todos dormindo pela perda de tempo... Um abraço deste seu (mais um) Aprendiz...

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  3. Esse caso de crase é um caso de polícia. É como se o artigo definido do vocábulo moradores fosse "a", para fusionar com o "a" de "acesso a" e produzir essa crase absurda. Logo,  a forma culta deve respeitar "os moradores", o que resulta na expressão "...aos moradores". Até mesmo "acesso a moradores", me parece razoável, mas sem crase.
     
    Precisamos educar essa gente, supostamente educada no ambiente da boçal reforma ortográfica, que sequer reconhece uma paroxítona terminada em ditongo e o trema. Essa gente que escreve essas frases típicas das Organizações Tabajara. Devemos buscar maior objetividade,  tal como se faz em inglês: "access to residents only", pois resulta muito claro e não dá margem a interpretações. Que tal "acesso somente aos moradores" ? Soa melhor, mais educado e claro. Claro!
     
    E tem gente preocupada com a unificação do idioma. Trata-se da mais absoouta de falta do que fazer.
     
    Hugs,

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  4. É a institucionalização do mal uso da línguam Homero, quando sequer os órgãos públicos zelam pelo seu emprego correto. E ai de quem ousar defender a norma culta: propor haver um padrão mais elevado a que devamos aspirar, significa, hoje, ser taxado de elitista.

    Vou recorrer a algumas pérolas do Nelson Rodrigues para comentar seu post:

    Já dizia ele que:

    "[Até o século XIX] o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar um cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os "melhores" pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas."

    "Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina."

    "Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas."


    abraços,

    Rafael

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