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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Carlos, um engenheiro - Parte 2


Este é a segunda parte da carta de despedida de meu amigo Carlos, que deixou recentemente a Petorbras, um engenheiro top de linha!
Aqui, a Parte 1 
Aqui, a Parte 3
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Antes PPMoraes - Hoje Presidente Juscelino Kubitschek
Meu segundo período na Petrobras foi na sede. Iniciei como um estagiário navegando pelo Edise, em um primeiro projeto de afretamento de grande porte (FPSO de Espadarte, que motivou o pedido da minha transferência). Como disse meu primeiro colega ao ser recepcionado na nova gerência: - Gente boa, acostuma com isto aí porque aqui nem sempre a soma de "2+2 dá 4". Se der foi sorte, ou azar. E assim passaram-se mais alguns anos de aprendizado. E o que eu lembro desta fase é ter tentado fazer a conta 2 + 2 dar os 4. Costumava perder, mas não desistia nunca. E é nesta fase que trabalhamos, na criação da GTD (documento que foi utilizada posteriormente em mais de 20 contratos de FPSOs da Petrobras). Eu acredito que deve ter sido a minha principal contribuição material para a Petrobras. Daí veio o PEO, Programa de Excelência Operational, logo depois da traumática P-36. Pelo PEO tive oportunidade de visitar as diversas unidades, de norte a sul. Conheci o desafio que é seletivamente padronizar e coordenar a nossa diversidade, que parece uma missão impossível, mas é a essencia da Petrobras e isto nos diferencia das demais Operadoras.

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Recebi um convite para ser gerente na sede quase que simultaneamente a outro convite para ser gerente no Cenpes, com um salario menor. E assim iniciou minha terceira fase.

No Cenpes.
O CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento)
Confesso que não considerei ter sido transferido para o Cenpes como uma mudanca. Parecia mais o retorno sem nunca ter ido. Eu sempre considerei o Cenpes como o núcleo que mantém a Petrobras como símbolo de empresa de tecnologia de ponta. Meu primeiro contato com o Cenpes ocorreu bem antes, no final dos anos 80, quando recepcionei uma missão da alta gerencia do Cenpes a bordo do PPMoraes. Na época produzíamos o gigante campo de águas profundas de Albacora, com um poço a mais de 300m de lâmina d'água (o RJS-328)! Nosso problema principal na plataforma: deposição de parafina nas linhas submarinas e nos vasos da planta de processo (desculpem-me o tecnicismo mas não era este o poço que era a fonte dos problemas, era o outro, o RJS-297). Sei que não serve para nada este meu comentário. Quero esquecer estes detalhes mas não consigo pois foram muitas discussões. Eu dizia que era ele o que estava causando os problemas na planta e o pessoal da sede dizia que não, pois este era do Arenito Namorado e o que deveria apresentar problemas era do Carabebus, o RJS-328, que era um poço que eu gostava muito. Não sei se já teve algum Geplat que gostava de poço, eu gostava. Eu me afeiçoava a ele. Sentia muito quanto tinha que pará-lo por algum motivo. Gostava ler seus detalhes na pasta do poço. E se tinham os que gostava, tinham também os que eu não gostava. E acho que eles também não gostavam de mim, a antipatia era mútua, ‘a primeira abertura. Voltando ao que interessa, a comitiva do Cenpes foi a bordo para visitar a unidade e eu apresentei os problemas que estávamos tendo que conviver, mitigar e o quanto isto nos prejudicava na produção. Recebi um convite para visitar o Cenpes e aceitei imediatamente. Foi meio que um amor ‘a primeira visita. O responsável pela visita, que hoje é um de nossos diretores, preparou uma recepção como se eu fosse o diretor da Petrobras! E eu era apenas um mero fiscal de uma unidade que nem status tinha, pois não produzia tanto assim. Fui apresentado ‘as várias gerências, soube o que cada uma fazia e a importância do feedback da operação para as atividades do Cenpes. Eu sai de lá com a certeza que os problemas que eu tinha a bordo, pelo menos, poderiam ser compartilhados para a busca de soluções. A partir daquele dia, nos meus embarques, tinha a certeza que várias pessoas no Cenpes estavam trabalhando para me ajudar no que eu fazia a bordo. Veio teste disto, teste daquilo, inibidor de parafina deste tipo, daquele tipo, pig, SGN, e por aí vai. Até mesmo partir para um projeto como a reforma do Navio PPMoraes para produzir Barracuda e Caratinga com poco para teste de isolamento térmico em linha submarina, poços para teste de pig rígido, poços para teste de pig espuma, recebedor único, inibidor de parafina, teste de detetor disto, teste daquilo, parecia mais um grande posto avançado do Cenpes em alto mar. Resumindo, quando aceitei o convite para ir para o Cenpes e assumir uma gerência da recriada Engenharia Básica, eu senti como se estivesse voltando para o Cenpes. E fiz o que pude, com toda a minha energia, para fortalecer a EB na Petrobras.
Foi um período em que perdi aquela impressão que o Cenpes era um núcleo de conhecimento que mantinha a Tecnologia da Petrobras para ter a certeza que é onde realmente se desenvolve a tecnologia e onde se faz a gestão do conhecimento entre as várias unidades da Petrobras.
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Um comentário:

  1. -Estimado Homero ,
    Gostei ! A sua escrita torna fácil o trabalho da imaginação em nos colocar exatamente no lugar deste companheiro Carlos .
    sds, MAURI

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