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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

BonDubai 7 - Bean, Mr. Bean



Aqui, continua a descrição, em capítulos, de uma viagem que fiz em dezembro de 2006. O destino era Dubai, maravilhosa invenção árabe, mas a envoltória de uma paixão acabou por causar alguns percalços, em época de caos aéreo, que hoje considero divertidos...


Aqui, os capítulos anteriores
2 - O Filme
3 - A Ida
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Fiquei monitorando todo o tempo o paradeiro de minha querida mala, junto à seguradora e nenhuma novidade. Já desistindo de recuperá-la ainda em Dubai, improvisei o empacotamento do pouco que tinha em uma sacola emprestada por meu colega. Quando estava a fazer o check-out do hotel, eis que ela, a mala,  surge, bela, fogosa e intacta. Melhor assim, não vou precisar ficar brigando om a BA para indenização. Ficarei satisfeito com a compensação pelos 5 dias que fiquei sem ela, o que certamente virá! Re-arranjei a bagagem, em uma malinha extra que eu trouxera dobrada, como sempre faço, nunca se sabe! Na espera do vôo fui ver o itinerário da viagem: chegada em Londres às 16:00; partida para São Paulo às 21:10 da tarde. Hummmm, tem jogo! Decidi repetir em Londres o mesmo esquema de São Paulo. Perguntei a uma BA Madam, que me disse que os lugares mais próximos do aeroporto seriam Hounslow e Kingston. Pesquisei na internet: só este último subúrbio tinha cinema, horário 17:40. Hummmm, vou jogar! E parti. No vôo diurno, dorme-se pouco e aproveitei para escrever o relatório oficial. Quando o avião estava aterrisando, o comandante avisou: fog intenso, temperatura 1 grau Celsius! Lembram-se do que falei sobre miserable weather, não?
Já em terra, demorei um pouco na alfândega, nada que comprometesse o plano de jogo. Bem, táxi nem me passou pela cabeça, pois tem preço proibitivo. Primeira tentativa, metrô. Procurei no mapa, achei Hounslow, mas Kingston, nada. Hummmm, o jogo tá duro! A bilheteira africana me aconselhou ônibus. O ônibus indicado, 285, somente saía do terminal 2. Estava no terminal 4, lá fui eu, ainda com tempo, pelo expresso entre terminais. Na saída do aeroporto, percebi toda a intensidade do anúncio do comandante. Não se via nada a mais de 20 metros de distância, o clima, gélido e o sol, já era: estava tudo escuro, às 5:30! Tudo bem, tudo vale! Só que, ao perguntar onde era o ponto do 285, o guarda contou que o trajeto do 285 até Kingston estava lento devido a acidentes provocados pela baixa visibilidade e sugeriu o 111. Hummmm, o jogo tá difícil! Tudo bem, nesta altura eu já me dava por satisfeito por assistir a um trecho do filme, só pra ter um gostinho. Subi no 111, fui ao motorista e perguntei quanto tempo levava para chegar a Kingston. Ele olhou na tabelinha e, com precisão britânica, sacramentou: 1 hora e 13 minutos! Aquela miserável da BA Madam (that bitch!) havia me sugerido um lugar que estava a mais de uma hora do aeroporto! Perguntei ao preciso motorista se havia outro cinema no caminho, ele disse: “Sim, em Feltham, a 20 minutos daqui, só que não por este ônibus, vou lhe deixar no próximo ponto e você pega o 285(!), que está vindo a 5 minutos atrás de mim”. Hummmm, esse jogo não acaba! Tudo bem! Desci e esperei. O lugar era ermo, um entroncamento de rodovias de acesso, sem uma alma viva, e o nevoeiro bombando, só tinha lá o ponto de ônibus. 


Conforme previsto pelo informado motorista, lá vinha o 285, cinco minutos depois. Fiz o meu sinal, o 285 veio e ....  o 285 foi. Nem parou (that bastard!)! Estava lotado! Hummmm, perdi o jogo! Só então caiu a ficha de que não estava escrito que eu iria ver Casino Royale sem legendas, pelo menos não naquele dia. Desisti e decidi voltar ao aeroporto. Só que como eu disse, não era um lugar que eu passasse para o outro lado da rua para pegar o ônibus de volta. Comecei a andar a pé pelo que eu achava ser o caminho de volta. Após uns 15 minutos de caminhada sem rumo, vi que aquilo poderia demorar, nem um táxi aparecia, a bexiga começou a apertar (aquele frio apressou as coisas!) e não tive dúvidas, foi ali mesmo, num matinho. Já posso contar a meus netos: “I pissed in London!”. Caminhei mais um pouco, os dedos já duros, encontrei um posto policial. Ainda bem que não foi ele que me encontrou uns minutos antes, fazendo aquilo. Por trás da cerca eu chamei um officer. Ele veio desconfiado, me iluminando com a lanterna dele e não deve ter entendido nada: um executivo, de paletó, com seu computador, ali no meio do nada, fazendo o quê!? Bem,  ele não quis saber detalhes e me orientou como chegar a um ponto de ônibus no caminho de volta para o aeroporto. Mais 5 minutos, lá estava eu esperando e chega o 285 (ele de novo!), de volta. Claro que era outro e dessa vez ele parou, subi, estava quentinho, aquecido, um alívio! Frustrado e aliviado.
As emoções não pararam por aí. A viagem tinha que terminar com chave de ouro! O último 'aeroaperto' ainda estava por vir. Os caminhos aéreos britânicos (BBrittish Airways - BA) estavam tumultuados. Mais de 250 vôos de curta duração haviam sido cancelados, devido ao nevoeiro. Deixaram partir apenas os vôos de longa duração. A chamada para embarque aconteceu no horário, mas aí, parece Déja Vu: “Embarcado, instalado na poltrona, acabei adormecendo, para refazer-me das emoções vespertinas. Acordei quando o avião partiu, 2:30 depois!” Quem leu este texto com atenção deve ter percebido um leve copy/paste. Só troquei o tempo de sono, e de atraso. Parece brincadeira! Aproveitei o tempo extra de vôo, sem sono, e escrevi o começo deste trecho alternativo. Chegando em SP, pela manhã, claro que a conexão TAM para o Rio se fora. A BA disse que vôo de Guarulhos não havia mais, Congonhas não estava aceitando mais reservas, só tinha como reservar a partir das 8 da noite. Eles me dariam um hotel para eu descansar, almoço, tudo o que eu tinha direito. Se eu quisesse arriscar, entretanto, poderia ir a Congonhas e ficar tentando. Se não desse certo, voltava para Guarulhos e ia pra o Rio às 8 da noite. Ela disse que os prejudicados se dividiram entre as duas opções. Eu fiz umas contas: ir para Congonhas, trânsito complicado, na muvuca da paulicéia desvairada, 4 volumes de bagagem na chegada (mala, malinha, computador, free-shop), risco de esperar lá e ter que voltar, mais trânsito. Baixou o espírito de Angélica e propus uma terceira opção: vou de táxi para o Rio! Ficou por conta da BA e eu aqui estou, já chegando em casa, às 4 da tarde do dia 21, ao mesmo tempo em que termino o texto.
Foram ou não foram tantas emoções? 


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Bem como visto, aqui acabou a minha viagem.... mas acho que vou finalizar a saga com uma uma atualização, com Dubai nos dias de hoje.... afinal, quase 6 anos significa muita coisa par aquela arrojadíssima cidade 

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