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quarta-feira, 16 de março de 2011

Oba-Obama

Este é um capítulo da coletânea 'Obama é o Cara'
Os demais capítulos podem ser acessados neste LINK
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       Oi, Boechat, bem-vindo de suas merecidas, e muito sentidas (por nós) férias.

       Hoje, você disse que não sabe por que 30.000 pessoas iriam ver Barack Obama na Cinelândia.


Eu não sei, mas sei por que EU VOU!!

Admiração!


       Eu estava em Houston quando o Senador Obama discursou na convenção democrata de 2004. Já se percebia àquela época que aquele jovem de apenas 43 anos viera para fazer história. O discurso é pungente, onde enalteceu a grandeza do país que aceitava a ascensão de um ‘skinny boy with a funny name’. A multidão enlouquece quando ele descreve o país como um celeiro de diferenças em torno da liberdade.

       Desde que, quatro anos depois, começou a tomar corpo sua candidatura a candidato democrata, a vida daquele homem vem sendo ameaçada por brancos raivosos que não se conformam ainda hoje, com a possibilidade de um nigger sentar-se na cadeira mais poderosa do mundo. Um país onde negros não podiam sentar-se perto de brancos há menos de 50 anos, uma país que matou Martin Luther King, o grande líder negro, e logo depois Bobby Kennedy, que advogava direitos iguais para os negros. 

       Veio a vitória sobre Hillary, o lado republicano trouxe uma troglodita como vice, tentando levantar o Lado Negro da Direita contra as evidentes forças progressistas, do bem, que Obama trazia consigo.

       E ele venceu. Mobilizou a juventude, que compareceu às urnas como nunca antes na história daquele país, usando os modernos meios da internet, e venceu, incontestavelmente. 

Yes, They Could!

       Acho que qualquer democrata venceria, depois de oito anos desastrosos de Bush? Sim, mas a vitória dele veio carregada de um heroísmo, de um simbolismo ímpar.

       E veio a posse, que juntou (como nunca antes ...) milhões de americanos em frente ao Congresso. Imagino o que ele sentia ao caminhar nos corredores do Congresso, solitário, passo lento, rumo ao púlpito, olhando para um lado e outro, com um monalisaico (sic) e leve sorriso no rosto, de boca fechada, bem diferente daquele sorrisão da época da campanha, cheio de dentes? O que não passava na cabeça dele naqueles intermináveis metros que o levavam ao momento de ser recebido por aquela multidão? Terá pensado em Rosa Parks, uma senhora negra que, em 1955, recusou-se a ceder lugar no ônibus a um branco, e foi o estopim do movimento pelos direitos nos negros? Ou em Dr. King, que foi assassinado porque teve um sonho? Ou ainda no próprio pai, que rebatia com classe e argumentação de alto nível, sem violência, insinuações sobre a inferioridade de sua raça? Ou teria aquele enigmático sorriso um leve toque de ironia (confesse!), apenas um momento de satisfação íntima, quase vingança, só de imaginar os brancos radicais que encontrou pela vida, ou que soube da existência por intermédio de outrem, e que teriam agora que referir-se a um negro como 'our president'?


        Eu queria estar lá!

        Não deu!

 
        E como foi a metade do primeiro mandato? 

        Resumindo? Ele fez o que pôde! 

       
Ele pegou o governo na pior condição possível (lembra da piada do Tampax?), com uma crise descomunal, e fez o tradicional, injetou dinheiro para salvar as instituições financeiras e dar um fôlego ao crédito. Certo? Não sei. Mal ou bem, parece que a crise diminuiu. Está longe de voltar ao que era, mas mehorou.

       
Teve boas iniciativas pelos direitos humanos, como Guantânamo, e Tibet, fazendo pressão sobre a China, e agora no caso da Líbia. E também pela paz, na aproximação com a Rússia, e deu um show na visita ao Oriente Médio. Foi o suficiente para ganhar um prematuro Nobel da Paz. Mas entende-se a intenção do instituto norueguês, foi como um incentivo, ele foi laureado mais pelo que ele representa. Infelizmente, cedeu às estratégias de seus comandos militares, e acabou enviando mais 30 mil soldados para o Afeganistâo. Mas retirou as tropas do Iraque. Acho que o saldo é positivo.

       
E ele briga pela energia limpa, e impôs sanções às montadoras que não desenvolverem projetos nesse sentido. E conseguiu aprovar uma política de saúde mais humana e social, o que foi uma grande vitória, mas que ainda pode ser abortada pela oposição. 

       Uma oposição que acabou ganhando as eleições de meio de mandato. Infelizmente, os jovens não mostraram a mesma mobilização da época da eleição presidencial, o que facilitou os retrógrados, sanguinolentos republicanos a retomarem uma maioria folgada nas duas casas. Depois, a cor vermelha do partido opositor mostrou sua face troglodita com sua representante-mór Sarah Palin a incitar violência: ela apontava com alvos, em seu programa de TV, os pontos onde havia lideranças azuis (democratas) a serem eliminadas. E um deles entendeu o recado ao pé da letra e chegou atirando a um comício, baleando uma deputada na cabeça, que escapou milagrosamente, o que não aconteceu com seis outros membros de sua entourrage. Verdadeiros 'alloprated' esses republicanos, só para lembrar o episódio do dossiê do PT em 2006.

       
Acho mesmo que esse movimento todo teve um efeito reverso. E vai ser usado na campanha a reeleição em 2012, com certeza. E de novo a juventude progressista tomará seu lugar e reconduzirá Obama a seu posto, evitando uma desastrosa volta republicana ao poder, que seria o fim do mundo.

      
Assim espero!

       Agora eu vou poder vê-lo, aqui em casa. E ele vem ao país que possibilitou o seu nascimento, não sei se ele vê assim. O fato é que sua mãe ficou obcecada com o filme Orfeu Negro, da década de 1950, e encantou-se pela cultura negra. Aí, quando conheceu Dr. Obama, um intelectual educado, apaixonou-se, casou-se e Barack veio ao mundo. Aprendi isso no livro que ouvi, 'Dreams From My Father', na voz do próprio Barack Obama.


       Ah, sim, Obama na Cinelândia? 


       Por que os outros 29.999 estarão lá?

       Creio que o oba-oba seja responsável pela grande maioria dos participantes. 

       Mas creio mesmo que o Oba-Obama seja bastante significativo. Este povo gosta de Obama, creio mesmo que a imagem da 'America' tenha melhorado muito com a presença daquele ser na Casa Branca.
      Estarei lá!!!
 
       Assim espero!


       Ah, sim! Além de tudo, ele é amigo de Paul McCartney, que fez um show an-to-ló-gi-co na Casa Branca no ano passado, para receber um prêmio por sua brilhante carreira, onde cantou 'Michelle', a música, não a Primeira-Dama!

        Ah, sim! Pra completar, ele é trekkie, ou seja, fã de Jornada nas Estrelas. Já se encontrou com Leonard Nimoy, e cumprimentou-o com aquela saudação característica, com a mão-direita, dizendo 'Live Long and Prosper'.
     
Grande abraço


Homero Obâmico Ventura
Rio de Janeiro

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10 comentários:

  1. Homero, realmente voce encontra tempo para andar antenado. O OBAMA justifica esse esforço. Eu também estarei na Cinelândia no domingo. E que domingo ! Quem sabe um chopinho no Amarelinho, nada mais carioca, vendo o Lider Negro discursando para todos. Nos vemos por lá. Abraços. G. Bellas/.

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  2. Acabo de postar no outro link, mas repito:
    Estive nos EUA no início da campanha do Obama e me lembro de ter ficado "vidrada" na telinha, embora deteste televisao, ao ouvir o Obama num debate com o candidato dos republicanos. Fiquei fa dele desde entao e acho que iria até a Cinelandia se estivesse no Rio.
    Teresa Thelen, diretamente da Alemanha.17.03.2011

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  3. Homerix,
    Se estivesse passado por estes momentos que voce passo, em meu corpo e em mete minha, com a formação que tenho, a brasilidade, decepcionada, e a visão mundial das coisas, ,,,JURO pensaria da mesma maneira, chegaria aos mesmos resultados conclusivos, não saberia concatenar a verbosidade que empregas-te.
    Confesso, não estarei presente, pois não sou chegado aos movimentos multidões... mas minha presença adimrativa, torcitiva, parabenisativa, estarão lá... Temos muito que aprender, agora mais do que nunca com os nosso ritmos todos desorganizados.
    Parabéns pela apologia da presença
    Paulus

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  4. Chefe Homero

    Concordo plenamente com a sua visão do governo dele até hoje.

    Parece-me uma pessoa serena e muito humana e espero que ele seja reeleito.
    Minha mãe, em seus 89 anos de vida, é fã desse "cara".

    Não irei ao evento domingo mas estarei torcendo para ele e, com certeza, aplaudindo a distância.

    Grande Obama

    Sds

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  5. Olá Homero, li seu texto e gostei. É um bom relax no meio dessa rotina diária. Nem sempre é possível como vc já notou.

    Programa lega para o domingo, tomara que faca sol. Se estivesse aí seguramente participaria estimulado por vc. Obrigado por essa energia.

    Sucesso!

    PS.: Tantos textos tomam muito tempo, nao é? Entao, me permito a liberdade de recomendar que nao descuide da familia. Eu já cometi este erro.
    André A

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  6. Eu também vou ver o Obama.

    grande abraço
    Até lá.
    Luciano

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  7. BOM DIA HOMERO

    Sou fã de seus escritos, todavia não sou de fazer comentarios.
    Este sobre OBAMA é formidavel.
    Eu tambem estarei lá e talvez tenhamos sorte de nos encontrar.

    Um forte abraço

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  8. Desejo-lhe um bom comício do Obama. Já tem convite? Não pode ir de bolsa,mala,mochila etc.

    Por que o blog tem poucos comentários sobre o Japão, especialmente sobre as Usinas Nucleares?

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  9. Rapaz quando eu ouvi Boechat hoje eu me lembrei de você. Amanhã conversamos no almoço.

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  10. OLa Homero,
    fiz um comentário, mas acho que errei na postagem...
    Pois é, se estivesse no Rio, não iria a Cinelândia. Porque a minha vontade seria levar um cartaz: "No we couldn't" (em alusão ao "Yes we can" da campanha). Gosto do Obama, acho que a eleição dele foi (e é ) um marco na história...mas ele perdeu o timing das decisões fortes logo no início..cedeu ao republicanos, perdeu as eleições na Câmara de lá (os eleitores se decepcionaram)...não conseguiu fechar Guantánamo, cedeu as pressões do militares, dos bancos, dos ricos...a classe média encolhe e o desemprego é o maior de muitos anos...vai ser difícil a reeleição. Dá tristeza de lêr a revista Carta Capital da semana passada (com o Obama na capa).
    Então, como não poderia carregar a minha faixa de protesto, seria revistada como uma criminosa em meu próprio país...então não iria na Cinelândia.
    Bjs, Carol

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