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sábado, 25 de outubro de 2003

A Volta do Exílio (antes)

Como devem saber, estaremos voltando em janeiro, dia 4, do ano da graça de 2004, meu aniversário (!!!) após 4 anos e 3 meses de American Way of Life.
Numa avaliação de nossa missão, posso dizer que foi bom, acho que para todos, mesmo para Neusa que, em princípio, foi a mais prejudicada, afinal deixou o emprego e foi dona de casa, mas ela mesmo diz que foi uma benção poder cuidar de D. Mira e Carlinhos tão de pertinho. Agora, na volta, pelo menos por um tempo vamos voltar ao velho esquema, morando separados, mas pertinho. Provavelmente, iremos procurar um apartamento maior para podermos voltar a ficar juntos. O Carlinhos, que completou 50 anos em outubro, adorou ficar vendo a movimentação daquela gente toda pra cima e pra baixo, os paparicos da Renata, que ele adora. Aí no Brasil, ele tinha muitas crises, gritava muito, aqui, dá para contar nos dedos as vezes em que ficou daquele jeito. Espero que continue assim quando voltarmos. Dona Mira eteve sempre bem, muito bem para os 80 anos que completou em abril, uma coisinha ou outra, nada de grave, graças a Deus, continua muito protegida para continuar sua missão. Sentiu-se como se estivesse no Brasil, com a Globo Internacional na telinha e a as freqüentes visitas de amigas da Neusa. Renata já voltará na faculdade, escapou do vestiba, só espero que consiga manter ao menos alguns dos créditos. Eles deverão sofrer um pouco com o calor, estão "mal-acostumados" com o ambiente permanentemente climatizado que tiveram aqui. O Felipe adiantou muito aqui, se continuasse, se formaria com 16 anos. Agora voltando, deverá voltar um pouco para trás. Em compensação, ganhou aqui o que jamais teria no Brasil: a habilidade de tocar violino, como vocês sabem! Fomos na última quinta-feira a um conceto da orquestra sinfônica da escola, em que ele é Violino 1, 2ª cadeira. Foi uma maravilha, perdoem a corujice! Se conseguir passar da fita para o computer, mando uma amostra para vocês. Isto sem contar a guitarra, em que também é craque! Eu, profissionalmente, sofri um pouco nos dois primeiros anos pela falta de experiência tanto gerencial como por estar em outra área, no terceiro comecei a ver a luz no fim do túnel, mas só no quarto vi que não era um trem em sentido contrário. Ganhei uns 12 quilos e alguns pontos no colesterol.
Aproveitamos para nos aculturar com muitos shows musicais que pintaram pela cidade. Vimos Roger Waters, Eric Clapton, Paul McCartney, Yes, Santana, e até um claudicante Bob Dylan em shows exclusivos e Deep Purple, Kansas, Lynard Skinard, Cheap Trick, Bad Company, Boston em festivais promovidos pela 93.7 The Only Classic Rock Station in Houston. Esta última foi companheira das horas de tráfico, com grandes clássicos todo o tempo, além da anima;cão de 2 geniais DJs, Dean and Rog, qom os quais mantive alguns papos intessantes ao telefone, eu era o Brazilian Friend deles. Cheguei até mesmo a cantar Garota de Ipanema, em português, ao vivo.
Tivemos uma boa comunidade brasileira, que foi um ponto bastante positivo, as mulheres se reuniam vez por outra, se ajudam, todas estão longe de casa e em país estranho, foi bom. Fomos unidos pelo jogo de buraco. Nos reunimos sempre para jogar, num esquema interessante em que 8, 12 ou 16 pessoas jogam em 2, 3 ou 4 mesas, todos contra todos $10 per capita, numa noitada de 6 a 7 horas, os 3 melhores dividindo o bolo ao final. E comendo muito, bolo "y otras cositas más"!
Mando anexas algumas fotos da festa de Halloween que tivemos no último sábado em casa de brasileiros. Os donos são Newton, 2 metros de altura e um coração proporcional, de preto e Patricia, de Alice azul. Eles sempre abriram sua magnífica casa, não somente para aquela típica festa americana, como também para o brasileiríssimo churrasco, festas de despedida, dezenas de noitadas de buraco, sempre sorridentes e gentis. Sem dúvida, foram um fator crítico de sucesso para nosso exílio americano.
Outro reconhecimento importante para a alegria de nossa estada, a família Gontijo: Júlio com sua mineirice explícita no falar e agir, liderava a organização do buraco; Terê (silda, não contem a ela que eu contei) sempre alegre e sempre pronta para ajudar. Não fosse ela, Neusa teria ficado 4 anos sem sair de solo texano. Graças à generosidade de sua oferta para ‘mudar-se’ para nossa casa, nas duas vezes que saímos de férias para olhar por Dona Mira e Carlinhos, que, por sinal, a adoram.
Me aguardem!

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