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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Serendipity - um significado e uma aplicação



Segue o artigo de Carlos Eduardo Linz da Silva sobre a pitoresca palavra:
A língua inglesa tem uma palavra - serendipity - para a qual é difícil encontrar equivalente em português. Ela define uma situação em que alguém, por acaso ou acidente, faz uma descoberta feliz e/ou inesperada.
O termo vem do persa (sarandip), um dos primeiros nomes do país agora chamado Sri Lanka. Havia na Pérsia um conto de fadas chamado "As Três Princesas de Sarandip", cujas personagens principais tinham lampejos em suas viagens ao se encontrarem em situações ou lugares ou acharem coisas que não haviam buscado.
Uma das grandes vantagens dos veículos de comunicação chamados atualmente de "tradicionais" (alguns críticos usam adjetivos muito menos neutros para classificá-los) sobre aqueles que se tornaram possíveis graças à internet é o fato de eles oferecem às pessoas chances de viverem momentos de "serendipity".
Quem abre um jornal, por exemplo, não sabe de antemão com que vai se deparar. Já na internet, em geral, você só encontra o que procura.
 
Numa situação em que um líder político tem a aprovação de 80% da população, como é o caso do presidente Lula atualmente no Brasil, é natural que grande parte de tudo que se escreva sobre ele lhe seja elogioso. E também é natural que seus fãs procurem sempre informações e opiniões que corroborem suas certezas a respeito dele.
LULISMO
Mas, como alertava Nelson Rodrigues, entre outros, a unanimidade pode ser perigosa. Ao menos para a inteligência. Se admiradores do presidente Lula tiverem a oportunidade de se defrontar com argumentos que o coloque sob um prisma menos favorável, poderão até não se deixar convencer por eles, mas talvez tenham a oportunidade de refletir e de manter suas convicções, que, depois de expostas a juízo diverso, provavelmente ficarão mais consistentes.
 
Merval Pereira é um jornalista que tem escrito há anos uma coluna política no jornal "O Globo", na qual vem exercendo uma análise crítica do fenômeno que se tem convencionado chamar de "lulismo".
Entre as características que a distinguem da maioria das demais do jornalismo diário impresso está a sua extensão, grande para os padrões vigentes na imprensa, imensa se comparada à linguagem telegráfica de muitos dos que militam na mídia da internet.
O tamanho de seus textos é adequado ao seu estilo, que recorre a raciocínios bem elaborados que se conectam até chegar a uma (ou mais de uma) conclusão.
Pereira coletou dezenas dessas colunas, editadas entre 2003 e 2010, a era Lula, e as está publicando em forma de livro, intitulado "O Lulismo no Poder", pela editora Record.
Quem gosta e quem não gosta do presidente Lula, assim como quem gosta de alguns traços do presidente e não gosta de outros, deveria ler este livro. Todos encontrarão, no tom sereno e racional que caracteriza o trabalho cotidiano do autor, razões para pensar e aprofundar sua avaliação do que ocorreu no Brasil nestes oito anos.
 

10 comentários:

  1. Chefe Homero

    Muito boa esta.

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  2. É isso mesmo Homerix.. Pobre de nos se não houvesse o Serendipity.... e há um pouco no pre´-sal, se bem que é verdade o que voce falou, pois essas áreas vem de estudode 1997/8 chamado de "Mutirão", que as selecionou, só não tendo sido mantida pela Peroba naquela data devido a shortage de sondas( tinhamos 3 anos para os blocos do BID "zero"), o que nos levou a indicar para o BID de 2000 e 2001onde os prazos eram de cinco anos para o período exploratório.........Historias da Peroba que poucos sabem.....
    By the way: o Paul vem por ai...... Voce ja´está afinando a voz????
    Um abraço,

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  3. Muito feliz o seu email, Homero.

    Gosto muito do trabalho do Merval Pereira, mesmo com grande parte do PT e dos petistas classificando-o como "elemento do PIG" (PIG = "Partido da Imprensa Golpista").

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  4. Grande Homero,

    excelente a sua versão para o termo do reino ... mas tem gente que é "DECUPRALUA" o tempo todo ...... e nem é rei ou rainha ... outros metem a mão no rabo (dos outros) e enchem-na de $$$$$$$$$$$ .... e não do produto que sai dessa região do corpo ....

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  5. Homero.
    Se não me engano, existe um filme, uma comédia romântica, que tem como título, "Serendipity". Em português, acho que traduziram para "Coincidências do amor".É um filme interessante, para quem gosta do gênero.
    Interessante saber a origem da palavra. Na verdade, desconfiava de sua existência no léxico, apesar de nunca tê-la procurado. E por falar nisso, você sabia que existe a palavra vamoose, que significa vamos?
    Abraços.

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  6. Homero, sobre a referência ao Merval Pereira no artigo, vale notar que ele é um articulista extremamente parcial, completamente conectado ao discurso dos grandes meios de comunicação no Brasil, que são dominados pelas famílias Frias, Mesquita, Civita e Marinho. Estes veículos têm interesses, normalmente ligados àqueles que sempre dominaram a nossa sociedade ainda semi-feudal. Miriam Leitão, Eliane Catanhêde, Dora Kramer, Arnaldo Jabor, Sardenberg, Josias de Souza, Gilberto Dimenstein.....todos se enquadram neste time marrom. Para o bem da nossa incipiente democracia, espero que o jornalismo brasileiro possa ter melhores referências.

    Um abraço,

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  7. Uma colaboração para a origem desta palavra que , a exemplo de inúmeras outras inglesas , cruzam volta e meia os nossos olhos e estamos sempre em dúvida sobre seu significado ( pelo menos no meu caso):

    " Serendipity : the faculty of making happy chance finds. ( Serendip , a former name of Ceylon . Horace Walpole coined the word ( 1754) from title of fairy tale , ' Three Princes of Serendip" , whose heroes " were always making discoveries , by accidents and sagacity , of things they were not in quest of ". ( Chambers, Revised Edition , Edinburgh , 1980)

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  8. Ventura,

    Mais uma vez, obrigado pela qualidade da leitura e, por consequência, da reflexão permitida.

    Com isso, não pude deixar de me enquadrar e lembrar o grande "Eça de Queiroz" que, dentre tantas de suas grandes "sacadas", acredito eu que vinculada aos cenários da política brasileira da época, "fraseou" uma pérola, a de que "Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo".

    Sei que não sou o "dono da verdade", mas da "minha verdade" sei que sou, e essa "minha verdade" não me permite mais corroborar (já votei, e muito) com os atuais "enredos" da política dominante.

    Me perdoe a parcialidade.

    Detalhe, vou buscar ler a indicação.

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  9. Obrigada pelo excelente capítulo.
    sò não gostei da "decupraluidade".... oh palavra feia, Homero!!!!
    meu abraço

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  10. Nelson Rodrigues disse que toda unanimidade era burra, mas taí algo que todos parecem concordar. Opa! Se toda unanimidade é burra, e todos concordam com esta assertiva, então, temos aí um típico caso de unanimidade! É unânime achar que toda unanimidade é burra! Isto, na teoria da computação recebe o nome de FLIP-FLOP, ou ainda, referência circular. Para refletir.......

    Atenciosamente,

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